1.º de Maio de 2020

01/05/2020

O Dia de reafirmação do primado do Trabalho assume, este ano, redobrado relevo.

Formalizada a existência da crise de saúde pública logo os trabalhadores foram alistados para acudir à emergência.

E não houve, nem há, quem diga “não”, mas sim “presente”, unidos na classe, por imperativo de consciência e vinculação patriótica.

Na linha da frente compareceram os trabalhadores da área da saúde, do vilipendiado e desvalorizado Serviço Nacional de Saúde, antes de quaisquer outros, mas também os das forças e serviços de segurança, da recolha de resíduos, das linhas de produção e distribuição de bens de primeira necessidade, ou os que asseguram os setores essenciais.

Para outros estava guardada a possibilidade de mobilidade sem o seu consentimento, ou a “disponibilidade obrigatória” para o teletrabalho, agora em acumulação com a telescola, não importam os recursos, não importa a logística, não importa a autonomia dos educandos, não importa quaisquer que sejam as condições.

A outros ainda foi imposto o lay-off, ou o gozo obrigatório de “férias” em confinamento, com distanciamento social e abstenção presencial.

E não foram necessárias quaisquer cimeiras internacionais de chefes de governo ou ministros, como as que têm acontecido para alistar outros recursos, cujo resultado é sempre consensual na divergência e na tacanhez quanto à dimensão necessária.

Tudo foi feito segregando-se as associações sindicais, legislando-se pela suspensão do direito à sua participação na elaboração da legislação do trabalho, como se os sindicatos não fossem parte de um mesmo país na criação de soluções.

Ainda assim, em nenhuma circunstância os trabalhadores arredaram pé.

A mesma “receita” já havia servido para pagar os resultados da alegada crise financeira de 2008, que não criámos, mas que continuamos a suportar até hoje;

não foi num punhado de ações ou obrigações, numa especial engenharia financeira, ou numa qualquer Inteligência Artificial que residiu à solução.

A solução esteve então, e está hoje, nos trabalhadores e no seu esforço.

Não discutimos o trabalho e o seu dever, mas reivindicamos a sua autoria e reconhecimento e defendemos o seu prestígio.

Por isso assinalamos este dia afirmando o entendimento, porque outro não pode haver, de não nos deixarmos capturar e confinar numa qualquer narrativa que nos atire para nova e interminável austeridade.

Estivemos unidos até aqui. Continuaremos unidos a partir daqui.

Viva o 1.º de Maio. Sempre!

1 de Maio de 2020